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O presidente da Liga de Bombeiros Portugueses alertou ontem para a falta de meios em corporações do interior para lidar com quedas de neve intensas, assunto que vai levar ao secretário de Estado da Protecção Civil. |
"A quantidade e o prolongamento no tempo do nevão provocou a completa inacessibilidade ao casario disperso em zonas serranas do interior do país", disse, acrescentando que nestas situações, "as vias terrestres ficam impossíveis de transitar pelos meios normais e os meios aéreos não se podem utilizar".
Como exemplo, referiu o caso de dois seguranças que ficaram isolados num parque eólico no concelho de Castro D'Aire (Viseu) e que tiveram que ser socorridos por uma equipa de bombeiros que "percorreu dez quilómetros a pé na neve, com grande esforço e exposta a riscos pessoais" devido à temperatura tão baixa.
"Foi necessário deslocar uma mota de neve de Seia para Castro D'Aire, porque no distrito de Viseu não há meios destes", apontou.
"O reequipamento tem que ser feito em função do risco e não apenas da frequência das ocorrências. Em relação a este risco, sabemos que vai acontecer, só não sabemos é quando", argumentou.
Vários concelhos do interior cujas corporações de bombeiros não têm meios para enfrentar quedas de neve intensas, têm condições de terreno montanhoso e "há registos anteriores de alturas em que foram flagelados pela neve", afirmou Duarte Caldeira.
Nestes, é preciso também dotar as corporações de "meios de grande ângulo" para escaladas e salvamentos em declive. Apesar de os bombeiros terem formação nesta área dada pela Escola Nacional de Bombeiros, "depois chegam ao quartel e não têm meios para o fazer", frisou.
Por isso, a Liga vai levar o assunto da falta de meios para a neve à reunião que tinha já marcada com o secretário de Estado da Protecção Civil no Ministério da Administração Interna, defendendo também a necessidade de consciencializar os cidadãos de que a neve não é só fonte de brincadeiras.
"Este fim-de-semana também veio evidenciar que houve um movimento preocupante de pessoas a desafiar o risco, com autêntico desprezo pela auto-protecção e sujeitando muitas vezes crianças a condições térmicas muito preocupantes", referiu.
"Percebe-se que a neve é uma coisa entusiasmante, mas não se pode chegar ao limite em que as pessoas ultrapassam a fronteira do risco", alertou.
Fonte: Liga dos Bombeiros Portugueses
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